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quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Capitães de Areia À Margem Cia De Teatro



Escrita há 80 anos, enredo continua atual e comum às grandes cidades.

Os Capitães da Areia que passam de uma geração para outra, de uma cultura para outra, representando todos os capitães do Brasil e do mundo", comenta o diretor da peça, Luciano Luz. Para ele, a peça é uma mistura de sentimentos, emoções e pensamentos, permitindo um rico trabalho de ator na tentativa de ilustrar a poesia encontrada nos Capitães da Areia, um dos maiores clássicos da literatura nacional. Mesmo escrita há quase 80 anos e ambientada na Bahia da década de 1930, o enredo continua atual. À época o livro chegou a ser confiscado pelo Governo brasileiro por se tratar de "propaganda comunista".

Enredo

O enredo traz a perseguição policial ostensiva a adolescentes infratores, sem qualquer senso de justiça. Diante do ambiente hostil em que vivem, o grupo de meninos abandonados reage de forma também agressiva. Eles encontram nas ruas certa liberdade e tem por refúgio um velho trapiche (espécie de armazém) abandonado, numa das praias da capital baiana. Esse trapiche é a única referência de "lar" que possuem. É onde se abrigam, se escondem e vivem como família. Ali constroem suas próprias regras, são os senhores e é objeto de investigação pelas autoridades, que desconhecem onde os mesmos se ocultam.

"Essa montagem representa para nós um desafio. A possibilidade de buscar o novo e crescer na difícil arte de representar a vida, de mostrar a realidade atemporal das crianças de rua no nosso país, de mostrar risos e lágrimas, angústias e alegrias, fé e convicção de que é possível enxergar num menino de rua um homem a ser descoberto. Então, que a mensagem da peça possa despertar e gerar percepções que produzam mudanças através da arte", estimou o diretor.

Fidelidade

A Margem Cia. De Teatro foi criada com o intuito de levar aos palcos obras enriquecedoras, a exemplo dos espetáculos anterioresdo grupo: O Ateneu, Dom Quixote, Dois Cabras Num Cordel Só e Reticências: Esperando Godot, e agora, Capitães de Areia. "A proposta deste novo espetáculo é tratar com o máximo de fidelidade a obra e os mais diversos assuntos, temas políticos e sociais encontrados no livro de Jorge Amado. Todos nós representamos, vivemos personagens diferentes, improvisamos diante do novo ou do desconhecido, imitamos a arte que, por sua vez, tenta imitar a vida. Assim, a montagem do espetáculo se justifica por si mesma, é o desafio de colocar a vida em cena, rir, chorar, se emocionar com o acontecer dos pequenos milagres diários que dão forma ao nosso viver", conclui Luciano Luz.

Publicação: 07/08/2012 07:56 Atualização: 07/08/2012 08:16

Sérgio Vilar, para o Diário de Natal

Capitães da Areia - Á margem cia de Teatro