OTELO, PRESIDENTE DO BRASIL
Ideia de Texto- Adriel Eduardo, Carlos Alberto, Nathália Christine, Miledja Lurian, Iasmim Cavalcante e Denilson David.
TEXTO- DENILSON DAVID
Personagens
Otelo- Presidente
eleito
Brabâncio - Candidato
da oposição
Desdemona- Filha de
Brabâncio, Noiva de Otelo.
Iago - Secretário do
presidente
Emília- mulher de
Iago
Cássio - Deputado,
indicado a chefe da casa civil.
ATO único
Brasília, capital do Brasil. Casa de Iago.
Emília e Iago conversam.
EMÍLIA- Iago, Calma meu amor, Não há
mais nada a fazer a decisão já foi tomada!
IAGO - Calma? Eu acabo de sofrer a
maior das injustiças e você me pede calma?
EMÍLIA- Infelizmente já está decidido
nos próximos dias o Otelo deve anunciar os nomes dos ministros e
também o nome do chefe da casa civil.
IAGO - Ele
simplesmente ignorou todo o esforço que fiz até aqui. O quanto me
dediquei nos últimos anos nessa luta rumo à presidência, e agora que ele venceu
simplesmente me deixa de fora da festa. Muitas pessoas, de grande
influência do partido, falaram por mim, das minhas qualidades e
competência para assumir a posição de chefe da casa civil, e modéstia à parte
eu sou o maior merecedor desse cargo. Ele, no entanto, consultando somente
o orgulho e os próprios interesses desconsiderou todos os argumentos possíveis
e simplesmente disse: minha decisão já foi tomada. E quem ele escolheu? Um
deputado de merda, que nunca fez grandes coisas pela história desse país. Esse
Cássio nunca fez nada para desfrutar da nossa vitória. E quanto a mim? Vou
continuar sendo o simples secretário do presidente Otelo!
EMÍLIA - Eu sei o quanto essa
decisão foi injusta Iago, mas só nos resta aceitar, há sua hora vai chegar meu
amor.
IAGO - É por isso que esse país não
evolui, essa gente não sabe fazer as escolhas certas, a começar pelo presidente
da republica que escolhe gente desqualificada para formar sua equipe
de trabalho. Depois reclamam que os projetos não saem do papel. Quem merece
estar no poder e tem qualidades para isso não tem oportunidade, justo eu que
tanto fiz não mereço passar os próximos quatro anos sendo capacho daquele negro
infeliz.
EMÍLIA - Não fale assim do Presidente
Otelo, Iago! Já pedi que se acalmasse. Saia um pouco se distraia, vai te fazer
bem. Agora eu tenho que ir, marquei de Sair com a Desdêmona. Volto antes do
jantar!(beija-o e sai).
IAGO- (pegando uma foto de campanha do
presidente) Eu não suporto o Senhor, presidente Otelo! (rasgando a foto)
todo o meu esforço não foi em nome de droga de amizade nenhuma e muito
menos por alguma admiração política, como fiz você acreditar babaca. Eu deveria
ser o indicado para assumir a casa civil, eu! Mas você não perde por esperar,
eu não sou o que sou. (pausa) Não eu não posso ter nadado, nadado para
morrer na praia. (pega o celular e liga para Brabâncio). Alô!
BRABÂNCIO – (o telefone toca) Número
desconhecido? Deve ser algum jornalistazinho... Pois não!
IAGO - Olá meu Caro Brabâncio!
BRABÂNCIO - Quem fala?
IAGO - o que importa não é quem está
falando, mas o que eu irei lhe revelar!
BRABÂNCIO - Olha aqui meu senhor...
IAGO - (cortando-o) Cala a boca e me escuta...
É sobre a sua filha!
BRABÂNCIO - O que tem a minha filha?
IAGO - A notícia não é muito boa, sinto
em lhe desapontar.
BRABÂNCIO - Fale de uma vez...
IAGO - O fato Brabâncio, é que além de
você ter perdido a disputa eleitoral, terá que lidar agora com uma traição...
BRABÂNCIO - Do que você esta falando?
IAGO - A sua filha lhe apunhalou pelas
costas. Ela noivou em segredo e sem nem ao menos te consultar.
BRABÂNCIO - A Desdêmona noiva? Mais de
quem meu santo Deus?
IAGO - Do Negro Otelo, o presidente
eleito, seu principal inimigo político.
BRABÂNCIO - Isso só pode ser piada!
Desdêmona e Otelo? Impossível!
IAGO - Piada é você ser passado para
trás duas vezes para aquele negrinho. Passar bem! (desliga).
BRABÂNCIO - Isso não pode ser
verdade...
IAGO - A guerra começou Senhor Otelo,
presidente do Brasil! (Sai)
BRABÂNCIO - Desdêmona não seria
capaz de me desapontar tanto, ela tinha me jurado que aquele namorico
tinha sido coisa do passado. Eu mato aquele negro!
DESDÊMONA- (Entrando) Bom dia! (beija-o
no rosto. sem resposta) Pai, eu queria Saber a respeito... Que cara é essa?
BRABÂNCIO - Minha filha me diga que o
acabei de ouvir é mentira.
DESDÊMONA - Mas o que o senhor ouviu
que te deixou assim?
BRABÂNCIO - Você continua se
encontrando com aquele canalha?
DESDÊMONA - Olha pai, eu iria conversar
com você quando passasse a campanha, mas...
BRABÂNCIO- A campanha acabou faz mais
de dois meses... Você me prometeu que não tinha mais nada com aquele
negrinho...
DESDÊMONA- Pai...
BRABÂNCIO- Não me diga que você
realmente noivou com ele as escondidas? Com um negro?
DESDÊMONA - Pai, Eu amo o Otelo mais
que tudo nessa vida. E é verdade, Nós estamos noivos! Eu não poderia deixar de
viver um amor por conta de sua briga política e muitos menos pelos seus
preconceitos. Eu não queria que fosse assim, eu também te amo muito meu pai...
BRABÂNCIO- Não me chame mais de pai...
Você sabe o quanto aquele homem tentou me destruir com aquelas acusações de
corrupção, e ainda assim decide casar com ele...
DESDÊMONA - Eu...
BRABÂNCIO- (cortando-a) A
conversa está encerrada. (Desdêmona sai).
BRABÂNCIO- Preciso falar com aquele calhorda
(sai).
Granja do Torto, uma das residências
oficiais da Presidência da República. Escritório. Otelo está em cena, examinado
alguns papéis.
IAGO - Mandou me chamar senhor
presidente?
OTELO - Sim Iago. Precisamos nos
programar para a coletiva de impressa afinal todos estão curiosos para saber o
nome dos futuros ministros…
IAGO – É verdade senhor Otelo, todas as
emissoras de canais abertos já confirmaram presença, estarão presentes também
vários colunistas de importantes jornais do país…
OTELO – (interrompendo-o) Engraçado…
IAGO – Do que o senhor está falando?
OTELO – A minha vida toda eu sonhei com
esse momento e nos últimos anos eu lutei muito para chegar até aqui.
IAGO – Mas o senhor conseguiu, e quando
assumir será o homem mais influente da América latina. O primeiro presidente
negro do Brasil. O senhor está escrevendo um importante capítulo da história
desse país.
OTELO – Às vezes pareço estar vivendo
um sonho, sem falar que finalmente eu e Desdêmona estamos numa ótima fase… Iago
eu proponho um brinde. (servindo-se de uma taça de vinho).
IAGO- (também se servindo do vinho) Mas
ao que brindaremos?
OTELO- Ao futuro! (brindam).
IAGO – Ao futuro e as surpresas por ele
reservadas!
CÁSSIO – (entrando) com sua licença senhores, fui avisado de que poderia
entrar...
OTELO –
Claro, junte-se a nós!
CÁSSIO – Iam
começar a festa sem me convidar?
OTELO- Estamos
apenas no começo.
CÁSSIO-
Literalmente no começo. No começo de uma grande jornada. (servindo-se) Um
brinde a vida!
OTELO- Estamos
próximos de assumirmos o mandado e temos que estar preparados para todos os
acontecimentos que estão por vim... (ouve-se um barulho vindo de fora) mas o
que diabos está acontecendo?
(BRABÂNCIO - Invade a
sala)
BRABÂNCIO- Então ai está você seu
pilantra!
OTELO - Como
te deixaram entrar aqui?
IAGO- Eu vou
chamar os seguranças!
OTELO – Não
Iago, pode deixar. Eu preciso mesmo falar com o Brabâncio.
BRABÂNCIO – Não basta ter acabado com a
minha carreira política com aquelas difamações improvável, ser meu principal
oponente na corrida presidencial, você ainda quis me roubar àquilo que eu tinha
de mais sagrado! Precisava roubar a minha filha?
OTELO- Acalma-se senhor Brabâncio...
BRABÂNCIO- Me acalmar? Eu deveria acabar
com a sua vida agora mesmo!
OTELO- Eu amo a sua filha...
BRABÂNCIO- Depois que rompemos a nossa
relação política você sabe o quanto eu era contra aquele namorico de vocês, e a
própria Desdêmona me jurou que ia se afastar de você. E agora recebo um
telefonema me falando do noivado de vocês, e tudo isso pelas minhas costas?
OTELO- Telefonema? Mas como?
BRABÂNCIO – Isso agora não importa, o
fato é que eu vim aqui só para olhar nos olhos e dizer que você conseguiu me
derrotar, você acabou com a minha família...
OTELO- A sua filha...
BRABÂNCIO- Eu não tenho mais filha, ela
escolheu ser a sua mulher, que assim seja! (vai saindo e recua) Só mais uma
coisa... Cuidado senhor presidente! Assim como ela enganou a mim, que sou seu
pai pode muito bem enganar ao senhor que é apenas seu noivo. (Sai)
IAGO- Definitivamente o senhor
BRABÂNCIO ficou maluco.
CÁSSIO- Ele tem as suas razões Otelo,
não leve em conta as coisas que ele falou, Afinal de contas ele descobriu que a
filha dele decidiu se unir ao seu maior inimigo.
OTELO- Mais cedo ou mais tarde, isso ia
acontecer. Eu preciso falar com Desdêmona. (sai)
CÁSSIO– Coitada da Desdêmona.
IAGO - Você e a senhorita Desdêmona são
amigos há bastante tempo não é mesmo Cássio?
CÁSSIO– Sim nós fizemos faculdade
juntos e eu sempre apoiei muito o romance dos dois, chego até me sentir um
pouco culpado com tudo isso.
IAGO – Não se sinta. Não podemos ir de
encontro aos caminhos que a vida traça para cada um de nós. Que tal tomarmos um
bom uísque e esfriarmos a cabeça?
CÁSSIO- Acho uma boa ideia, estou mesmo
precisando. (saem)
APARTAMENTO
DE DESDÊMONA -(entra Otelo)
DESDÊMONA –(aos prantos) Meu amor ainda
bem que você chegou, eu estou arrasada, meu pai ele...
OTELO - Calma meu anjo, não diga nada!
Eu sei o quanto deve estar sendo difícil pra você...
DESDÊMONA- Eu sei o quanto ele te odeia
depois de todo aquele escândalo de corrupção, depois das denuncias que você
fez, eu entendo as razões dele, não foi nada agradável para mim, ficar dividida
entre o homem que eu amo e meu pai... Mas eu preferi ficar de fora de toda
aquela situação, ele deveria me entender um pouco...
OTELO- Não mandamos no nosso coração Desdêmona.
O fato é que independente de qualquer coisa eu te amo e sempre te amarei, nunca
esqueça isso. (beijo)
DESDÊMONA- Como eu queria que tudo
fosse apenas um pesadelo.
OTELO– Olha Desdêmona, se você quiser
desistir do noivado em nome da sua família, do seu pai...
DESDÊMONA- Nunca mais repita isso, você
também é a minha família, um dia meu pai vai entender, quando toda essa poeira
baixar ele vai reconhecer que nada do que estamos vivendo foi para atingi-lo,
ele vai entender que nos amamos de verdade.
OTELO- Eu só espero que ele não
reconheça tarde de mais...
DESDÊMONA- Não fale bobagem meu amor!
Me abraça, me abraça forte!
OTELO- Agora vem comigo, você precisa
descansar um pouco. (Saem)
RESTAURANTE - Iago e Cássio bebem
CÁSSIO – (meio embriagado) Essa é a
ultima em Iago, eu não posso beber tanto assim, eu sou um homem público, eu sou
o próximo chefe da casa civil.
IAGO - De forma merecida você ganhou esse
cargo, agora tem que comemorar.
CÁSSIO – Enquanto Otelo resolve sérios
problemas com a mulher a gente ficar aqui enchendo a cara isso não está certo.
IAGO – Otelo é Um cara muito
inteligente saberá sair dessa fácil, fácil. E por falar na mulher dele, que
bela noiva ele arrumou hein?!
CÁSSIO – Ela é sim, muito, muito... Admirável.
IAGO - E que olhos tem! Me parece mais um convite para o assalto.
CÁSSIO - É, de fato, a perfeição em
pessoa.
IAGO – (o telefone toca) só um
instante, preciso atender essa ligação é de extrema importância, já volto!
(sai)
CÁSSIO - Não vá demorar, eu preciso ir embora.
(toma mais uma dose de uísque).
(entra um travestir)
IAGO - O moço é aquele, faça o serviço
que combinamos e receberá a outra parte. (entregando uma quantia em dinheiro)
Faça o que combinamos e deixe o resto por minha conta. (sai)
TRAVESTIR- (aproximando-se de Cássio)
Boa noite meu senhor!
CÁSSIO – Ei, você não é o Iago.
TRAVESTIR– Essa noite eu posso ser quem
você quiser...
CÁSSIO – Eu não estou entendendo, quem
é você?
TRAVESTIR– vamos para um lugar mais
reservado que eu te mostro. (puxa-o pela gravata, saem).
GRANJA DO TORTO. ESCRITÓRIO.
IAGO- (com um jornal em mãos, lendo)
Suposto futuro chefe da casa Civil é flagrado em cenas intimas com um
travestir. (rir) Por essa meu Caro Otelo não esperava.
(Entram Otelo e Desdêmona)
OTELO – Isso não pode estar
acontecendo, eu nem bem assumi e já querem escandalizar o meu governo.
DESDÊMONA- Calmo Otelo, isso pode ser
um mal entendido.
IAGO – Bom dia senhor Otelo! Como vai
dona Desdêmona? Olha, eu também acabei de ver nos jornais, está em tudo que é
site na internet, eu não sei nem o que dizer.
OTELO – Mais já eu sei muito bem o que
dizer, eu preciso falar com o Cássio imediatamente.
DESDÊMONA- Eu já liguei pra ele quando
estávamos no caminho, ele deve estar chegando não vá agir de cabeça quente meu
amor.
(entra Cássio)
OTELO – Então Cássio o que tem a dizer
a respeito do assunto mais falado do momento?
CÁSSIO - Só peço que me perdoe Aquilo
não passou de um mal entendido, eu...
OTELO – (interrompendo-o) Você quer me
desmoralizar é isso?
CÁSSIO- Não senhor eu confesso que me excedi
um pouco e que não devia...
OTELO – Eu que não devia ter confiado
em você para ser o principal nome do meu governo, considere-se destituído do
cargo de chefe da casa civil.
CÁSSIO – Mas Otelo...
OTELO - Minha decisão está tomada, não
posso manchar a imagem do meu governo com a sua falta de postura. (sai)
DESDÊMONA- (olha triste para Cássio)
Otelo... (sai)
IAGO - Se eu não tivesse deixado você
sozinho lá, talvez eu... Mas eu tive que atender o chamado da minha mulher, a
Emília estava passando mal...
CÁSSIO – A culpa é toda minha Iago. Eu
fui um moleque.
IAGO – Ainda não é o fim Cássio!
CÁSSIO – Claro que é. O que resta
agora? O pior de tudo eu decepcionei Otelo, ele havia depositado toda confiança
em mim.
IAGO – Você não pode ficar se
recriminando agora Cássio, o que você deve fazer é tentar recuperar o que
perdeu.
CÁSSIO – Ele nunca iria me ouvir.
IAGO – A você não, mas seria bem capaz
de ouvir Desdêmona. Converse com ela, diga que foi deslize seu e que você
poderia até mesmo se retratar em rede nacional. Em nome da amizade de vocês ela
fará o que puder, e ele não irá ignorá-la.
CÁSSIO - Você tem razão Iago, talvez
seja uma boa ideia. Assim que tiver uma oportunidade falarei com ela, agora é
melhor eu ir vou tentar evitar maiores estragos. (Sai.)
IAGO - Parabéns senhor Iago, seus
planos estão saindo melhor do que o esperado mais ainda está longe da grande peripécia.
(sai)
RESTAURANTE
EMÍLIA- Tudo o que você está me
contando, na verdade é muito grave, o Iago não contou com tantos detalhes. O
pior é que tudo resolveu acontecer ao mesmo tempo não bastasse todo esse caso
com seu pai ainda tem as últimas atitudes de Cássio.
DESDÊMONA – Nem me fale amiga, ele
realmente traiu a confiança que Otelo depositou nele, afinal, ele tinha
confiado um cargo de extrema responsabilidade para Cássio e que requer no
mínimo uma postura decente.
EMÍLIA – É verdade, mas o Iago se comoveu
tanto com isso, como se tivesse acontecido com ele o caso, ele pediu para que eu
te pedisse que intercedesse por Cássio.
DESDÊMONA – Ai Emília, eu sei da
competência do Cássio, até agora também não entendo o que levou a cometer
tamanho desatino, ele vive rodeado de mulheres, ele pode escolher a que
desejar, acho até que só não casou devido essa vida de mulherengo. O que deu nele agora para sair com um
travestir? É demais pra mim. É natural que se torne um escândalo.
EMÍLIA- Menina, por falar nele olha
quem vem ali… o próprio.
CÁSSIO - Desculpe interromper a
conversar de vocês, mas eu precisava muito falar com você Desdêmona.
DESDÊMONA – Oh amigo! Como eu estou
perplexa com tudo isso. Mas que coincidência encontra-lo aqui.
CÁSSIO – Na verdade, não foi
coincidência, o Iago me falou que vocês estavam aqui. Olha, eu sei que não
ameniza o escândalo causado, mas eu não tive nada com aquele travestir. Quando
eu percebi do que se tratava, tratei logo de sair daquela situação, só não a
tempo de ser fotografado por algum bisbilhoteiro.
DESDÊMONA – Eu entendo.
EMÍLIA- Essa imprensa sensacionalista
não perde um furo.
Cássio- Eu não sei nem como te pedir
isso Desdêmona, mas se fosse possível, gostaria muito que falasse com Otelo por
mim, eu sei o quanto ele ouve os seus conselhos. Peça que reconsidere se
possível eu até daria uma declaração publica…
DESDÊMONA- Claro Cássio, eu prometo
fazer o que estiver ao meu alcance!
CÁSSIO- Só não diga que eu vim te pedir
isso, talvez provocasse ainda mais a raiva dele.
DESDÊMONA- Claro, pode deixar, até por
que a Emília me havia pedido em nome de Iago para fazer o mesmo.
EMÍLIA- Amiga, eu acho que aqueles são
os nossos maridos.
CÁSSIO- Bem, eu vou indo. Muito
obrigado DESDÊMONA!(sai)
(Entram Iago e Otelo e se conservam a
distância.)
IAGO - Isso não é bom!
OTELO – O que disse?
IAGO – Nada não, esquece.
OTELO - Não era Cássio que estava a conversar
com Desdêmona?
IAGO - Cássio, senhor? Será? Se era ele
o porquê de sair com tanta pressa?
OTELO - Creio que era ele.
(aproximando-se) aquele que saiu daqui era Cássio?
DESDÊMONA – O Cássio? Onde? Aqui? Não,
não o vi. Você o viu amiga?
EMÍLIA- Não. Será que ele passou e não
o vimos?
OTELO – Devo ter me enganado.
DESDÊMONA – Mas já que tocou no assunto,
meu amor, não acha que exagerou um pouco com ele?
OTELO – Como assim?
DESDÊMONA – Ah Otelo, quando você o
convidou para um cargo tão importante, fez isso pensando em toda a sua
competência, não é justo que por um simples deslize tudo seja apagado.
OTELO – Ele colocou meu governo de
forma negativa na boca do povo, em todos os noticiários estão falando do futuro
suposto chefe da casa civil.
DESDÊMONA – Daqui a pouco todo mundo
esquece, sem falar que ele pode dar uma declaração publica e esclarecer o que
houve.
OTELO – Eu não sei meu anjo…
DESDÊMONA – Promete pensar?
OTELO – Prometo.
DESDÊMONA – Você jura?
OTELO – Sim juro. Agora não toque mais
nesse assunto.
DESDÊMONA- Tudo bem. Agora eu vou indo,
vou da uma passada na casa da Emília.
Emília- Vamos então. (Saem)
OTELO
– (sentando-se) Ai, ai, A Desdêmona sempre com a mania de querer ajuda todo
mundo, protetora dos pobres e oprimidos, que coração grande ela tem...
IAGO – (também sentando) Senhor
Otelo...
OTELO - Pode dizer Iago?
IAGO – Por acaso Cássio Sempre soube do
romance de vocês?
OTELO - Desde o início, ele foi o nosso
maior cupido. Por que a pergunta?
IAGO – É que eu estive pensando... Não
deixa pra lá.
OTELO – O que você esta pensando Iago?
IAGO - Por tudo o que sei dele, Eu... Antes
eu quero dizer que admiro muito Cássio como um homem da política que ele é
hoje.
OTELO – Faço minhas as suas palavras,
mas aonde você quer chegar?
IAGO - Deveriam os homens ser somente o
que parecem, ou então não parecer o que não fossem.
OTELO - Sim, deveriam ser o que
parecem.
IAGO – Uma boa reputação, caro senhor,
para a mulher e o homem é a melhor joia da alma, principalmente esse homem
sendo uma figura política.
OTELO - Pelos céus, quero saber o que você
está pensando.
IAGO – O ciúme é o mal que atrapalhar e
até destrói uma relação. A confiança é o princípio para um bom relacionamento.
OTELO - Por quê? Por que tudo isso? Eu
não terei motivos para ter ciúmes se os motivos não forem dados.
IAGO – Melhor assim, assim me sinto
mais tranquilo pra falar o que penso, é sobre Cássio e Desdêmona, eu no seu
lugar ficaria de olho bem aberto no comportamento dos dois. Não duvido da
integridade de ambos, mas vamos combinar, Cássio é um homem que não pode ver um
rabo de saia, nem mesmo a um travestir ele resiste; e com todo respeito, sua
noiva é uma mulher admirável, e pode ser que desperte algum interesse em
Cássio...
OTELO - (rir) A Desdêmona e Cássio?
Eles são apenas amigos de longa data.
IAGO – Não quero ofende-lo Otelo, mas
não devemos confiar cegamente nas mulheres; Ao pai ela enganou pra hoje está
com o senhor.
OTELO - Isso é verdade.
IAGO – Só estou te falando essas coisas
em nome da nossa amizade.
OTELO – Sim claro!
IAGO – Agora se o senhor me da licença,
preciso passar em casa e depois deixar uma papelada no cartório. (Retirando-se.)
OTELO - A Desdêmona e Cássio? Será
possível?
CASA DE IAGO
DESDÊMONA - Emília deixa eu te mostrar
o colar que o Otelo me deu de presente, você precisa ver... Eu o havia guardado
pra evitar problemas com meu pai, mas agora que ele já sabe de tudo, estou
esperando uma ocasião especial para usá-lo.
EMÍLIA - Desdêmona, que coisa mais
linda! È uma joia espetacular... (Iago vem entrando e escuta a conversa).
DESDÊMONA – Pois é, e ainda tem um
grande significado pra ele, é uma jóia de família, pertenceu a avó dele, e
depois a mãe, foi um singelo presente de
um cigano, e que proporcionou muita felicidade ao casamento das mulheres que o
possuíram.O Otelo falou que o cigano garantiu felicidade e muito amor para quem
o portasse.Perdê-lo ou dá-lo a alguém poderia provocar desgraças de proporções
incríveis.
EMÍLIA – Ai credo... Eu como sou
estabanada, não queria jamais um presente desses. (Desdêmona rir) Você só me
fala das qualidades desse homem e os defeitos? Me conta ele ronca, é ciumento?
DESDÊMONA- ai eu casei com um príncipe
Emília, e Otelo não tem por que sentir ciúmes de mim, mesmo por que não lhe dou
motivos. (o telefone toca, ela coloca o cola, na mesa de centro). Alô! Meu pai?
Como assim? O meu pai ficou louco? Ta, obrigada Judite!
EMILIA- O que houve?
DESDÊMONA - O meu pai ta na TV falando
do meu noivado com Otelo.
EMÍLIA - Que absurdo!
DESDÊMONA - Ele vai aproveitar esse
escândalo do Cássio pra desmoralizar ainda mais o Otelo. Tchau amiga, eu tenho
que ir. (sai apressadamente).
EMILIA- (ver o colar) Desdêmona, o
colar...
IAGO - Deixa que eu mesmo entrego.
(toma o colar) Eu ouvi a conversa, e vou correndo encontrar o Otelo, todos
esses escândalos não serão nada positivos para a imagem do governo. Tchau
querida.
EMILIA- Iago... (ele sai). Eu não vou
ficar aqui parada... (sai)
GRANJA DO TORTO. ESCRITÓRIO.
(DESDÊMONA caminha nervosa de um lado
para outro, o telefone toca)
DESDÊMONA- Alô! Oi Cássio, olha eu falei
com ele sim, ele ficou de pensar... Claro pode deixar, mas é que agora eu estou
aflita não bastasse o seu escândalo meu pai ainda vai à rede nacional na tentativa de desmoralizar o Otelo ainda mais...
Aí Cássio (Otelo escuta a conversa) eu sinceramente não sei o que fazer... (ela
o percebe) então ta, depois conversamos. (desliga)
OTELO- Quem era ao telefone?
DESDÊMONA- Era a Emília preocupada com
toda essa situação. Meu amor, você viu o papelão do meu pai na TV?
OTELO- No momento esse é o menor dos meus
problemas.
DESDÊMONA- Meu pai não tinha o direito...
Ai meu amor desculpas (tenta abraçá-lo, ele se recusa).
OTELO – Eu preciso ficar só. Preciso
pensar.
DESDÊMONA- Se é isso que você quer... (Sai)
OTELO – Por que ela insiste em mentir
pra mim, por que me esconder que estava com Cássio ao telefone? Sem falar que
ela também não confessou que estava com ele mais cedo, será que as suspeitas de
Iago?(Entra Iago)
IAGO- Senhor Otelo.
OTELO- Diga.
IAGO- Que bom que te encontrei, queria
dizer que podia esquecer tudo que eu falei ontem.
OTELO – Sobre suas suspeitas?
IAGO- Exatamente, não tem o menor
fundamento. Ontem mesmo emprestei o carro a Cássio, o dele ta na oficina, ele
disse que ia sair com uma moça, e parece que o cara ta amando. Falou até em
casamento para muito em breve.
OTELO- Casamento o Cássio.
IAGO- Isso mesmo, não é de se admirar?
OTELO- Deve ser conversa fiada dele, o
que te fez pensar que ele realmente ama essa garota?
IAGO- Ele passou horas e horas falando
da misteriosa.
OTELO- Misteriosa?
IAGO- É por que segundo ele ainda não
pode revelar a identidade da garota. E depois você precisava ver o nervosismo
dele quando ligou hoje cedo pra ela, ela disse que tinha perdido um tal de um
colar dentro do carro. O cara ficou maluco procurando e nada. E o pior que
agora sem querer acabei encontrando esse colar embaixo do banco de ...
OTELO-(surpreso) Esse é o
colar?(arrebatando)
IAGO- Sim, esse é o colar, qual o
problema?
OTELO- Esse foi o colar que eu dei a
Desdêmona de presente de noivado.
IAGO- Meu Deus, então...
OTELO-
Desgraçados... Agora tudo faz sentido. (pausa) Iago encontre esses dois
imediatamente e peça para que venham falar comigo.
IAGO- Senhor, não acha melhor esfriar a
cabeça antes de agir.
OTELO- Não me diga o que fazer, vá e
agora!
IAGO- Sim senhor! (sai)
OTELO- (toma uma taça de vinho) Como eu
pude ter sido tão cego? Como pude me
deixar enganar por tanto tempo? Como pude acreditar nesses dois desgraçados…
(com o colar na mão) De que adiantar ter ganhando tanto poder e ter perdido a
minha vida! Otelo, um perfeito idiota, um imbecil. Enquanto eu lutava pra
chegar à presidência do país eu estava sendo traído bem debaixo do meu nariz...
Não é justo, desde que ganhei as eleições parece que o céu conspira contra mim…
todos esses escândalos e agora isso. Quando for assumir o mandato já estarei
totalmente desmoralizado. Isso não pode ficar assim… o que não tem remédio,
remediado está.
DÊMONA – (entrando) Como está Otelo?
OTELO – Como queria que eu estivesse?
DESDÊMONA – Olha, eu sei que o que meu pai fez não foi…
OTELO – (Grita) Eu não estou falando de
seu pai!
DESDÊMONA – Então por que está agindo
dessa forma comigo? Você nunca gritou comigo Otelo. O que está acontecendo?(se
aproximando)
OTELO – Não encosta em mim!
DESDÊMONA – Quer me dizer de uma vez o
que está acontecendo?
OTELO – Eu já sei de tudo.
DESDÊMONA – Tudo?
OTELO – Já sei que me enganei com
você... Sei que você não é e nem nunca será a mulher que pensei que você fosse;
Sei o quanto você não presta, sei o quanto você é dissimulada, fingida e sei o
quanto você é… Vadia!
DESDÊMONA – Eu não admito que você fale
assim comigo, eu exijo uma explicação.
OTELO – Eu já sei de você e de seu
amante.
DESDÊMONA – Amante? Do que você esta
falando Otelo? Eu te amo!
OTELO – Mentira! (bate na cara dela)
DESDÊMONA – Eu tenho ao menos o direito
de saber do que você está me acusando exatamente para que possa me defender.
Amante? De quem você acha que eu sou amante?
OTELO – Não se faça de desentendida…
DESDÊMONA – Você que está fora de si,
eu nunca nem ao menos olhei para outro homem.
OTELO – Onde está então o colar que eu
te dei?
DESDÉMONA – Está aqui na minha bolsa, agora
a pouco mesmo eu… (procura o colar e não o encontra). Meu Deus, onde estar o
colar?
OTELO - Não se lembra?
DESDÊMONA - Eu o mostrei a Emília e
depois…
OTELO – Depois você deve ter colocado
para sair com aquele canalha e rir as minhas custas, rindo do corno aqui.
DESDÊMONA – De quem você está falando?
OTELO – Não se faça de desentendida que
só me aumenta a raiva, estou falando do Cássio!
DESDÊMONA – Cássio? De onde você tirou
isso?
OTELO – Você o conheceu bem antes de
conhecer a mim, sempre tiveram uma relação que para mim até então era de
amizade…
DESDÊMONA – E é isso que nós somos. (Cássio
entra).
OTELO – Então por que quando ele te
procurou ontem você mentiu pra mim? Por que negou que estava ao telefone com
ele? Por que ele estava procurando feito louco esse colar? Assume de uma vez
que você é amante do Cássio?
AMBOS- Como é que é?
Otelo- Então você chegou. Ótimo, agora
teremos o desfecho perfeito: o acerto de contas entre a vadia, o amante e o corno.
(pega uma arma na gaveta de sua mesa de trabalho).
CÁSSIO- Larga essa arma cara!
DESDÊMONA – Para com isso Otelo, vamos conversar
isso não passa de um mal entendido…
OTELO – Eu não quero conversar… Agora
já é tarde! A vida traçou os nossos caminhos e agora o destino tem que se
cumprir.
DESDÊMONA- meu amor, para com isso!
OTELO – Cala essa boca, você não me ama
nunca me amou sua desgraçada! (atira) Agora você não irá mais trair homem
algum!
CÁSSIO- Não! Você não podia ter feito
isso… (paralisado)
EMÍLIA (Entra correndo) – Meu Deus! O
que aconteceu aqui? Desdêmona! Fala comigo, Desdêmona! Liga pra emergência, Não
pode ser ela, ela está morta... (desesperada) Essa arma? Você...
OTELO – Sim, ela está morta...
EMÍLIA- E o Cássio também, Meu Deus
você não pode ter feito isso... O que deu em você? Por que você fez isso Otelo?
OTELO – Eles me mataram antes, me
mataram em vida. Eles me traíram, eles eram amantes...
EMÍLIA- Mas que absurdo é esse?
OTELO – Você deveria saber de tudo,
talvez você que acobertava os encontros, todas as vezes que ela dizia que
estava com você era com ele que ela estava.
EMÍLIA – Você é psicopata, um monstro,
de onde você tirou essas acusações absurdas? Ela sempre foi fiel a você. Essa
mulher era quase uma santa.
OTELO - Era falsa como a água. Cássio a
manchou. Pergunta a teu marido, ele que me abriu os olhos ele que me devolveu a
visão...
EMÍLIA - Meu marido?
OTELO - Sim, teu marido.
EMÍLIA – Ele falou que Desdêmona e
Cássio eram amantes?
OTELO – Sim. Ele me disse e me ajudou a
descobrir toda a verdade.
EMÍLIA - Meu marido!
OTELO – Sim, teu marido, Por que não
para de repetir isso? Já disse que foi o Iago.
EMÍLIA – Como Iago foi capaz? Que sua
alma apodreça no inferno. Ele Mentiu conscientemente. Ele foi longe demais.
OTELO – Do que você está falando?
EMÍLIA – Eu casei com um demônio e você
é um assassino, assassino! (gritando) Todos vão saber a verdade, assassino!
(Entra Iago)
IAGO - O Que aconteceu?
EMÍLIA – Miserável! Veio ver o
resultado das suas armações seu bandido!
IAGO- Do que você está falando meu
amor?
EMÍLIA – Esse assassino afirmou que foi
você que soube da traição de Desdêmona e o alertou. Tenho certeza de que isso
jamais aconteceu. Espero que você tenha uma boa explicação para tudo isso.
IAGO – Eu disse apenas o que pensava,
ele tirou suas próprias conclusões.
EMÍLIA - Mas você insinuou que ela
tinha um caso com Cássio?
IAGO – Sim.
EMÍLIA - Você é um pervertido. Desdêmona
com Cássio? Como assim? Com Cássio?
IAGO - Com Cássio, sim Emília. É melhor
você sair daqui, antes que...
EMÍLIA – Antes que? Antes que eu te
desmascare? É isso que você ia dizer? Você quer impedir que eu fale a verdade.
OTELO – Verdade? Mais essa já não é
toda a verdade?
EMÍLIA – Essa esta longe de ser a
verdade senhor presidente.
IAGO – Você só pode ter ficado louca? Vamos
embora daqui.
EMÍLIA – Eu não vou a lugar nenhum, eu
vou ficar e acabar de vez com essa farsa. Você matou dois inocentes Otelo!
OTELO – Ela era culpada, eu a vi
negando que estava com ele, depois quando a flagrei ao telefone com Cássio, ela
mentiu dizendo que era você. Ela quase implorou para que eu restituísse o cargo
ao amante dela.
EMÍLIA – Meu Deus Entenda homem, ela só
não queria que você soubesse que Cássio a procurou e pediu para que ela falasse
por ele, por isso ela omitiu esses fatos. Ela só queria fazer o bem, e da uma
segunda chance a um amigo, alguém que tanto fez pelo o amor de vocês. E o
próprio me fez convencê-la de interceder por Cássio.
IAGO – Não fale besteira Emília.
EMÍLIA - Preciso dizer tudo! Preciso
dizer tudo! Eu, me calar? De forma alguma.
OTELO – Mas e quanto ao colar que ela
deixou no carro quando saiu com Cássio no carro de seu marido?
EMÍLIA - Meu Deus, como você se deixou
se enganar tão fácil senhor presidente. Esse colar que você ta falando, ela
esqueceu hoje cedo mesmo quando estava me mostrando, e saiu para ver o que o
pai dela falava sobre o senhor na TV. Eu tentei pegar para devolvê-lo, mas o
próprio Iago, se ofereceu para devolver. Eu jamais iria suspeitar que ele fosse
trama tudo isso.
IAGO- Você não pode acreditar nela,
ela...
OTELO - (largando a arma) Agora tudo
faz sentido. (Aproxima-se de Desdêmona) ó meu anjo, como eu fui cruel... Como
eu fui tão covarde!
EMÍLIA - Como você pode ter sido capaz?
(Iago tenta sair). Aonde você pensa que vai? (puxa-o pelo braço).
IAGO- Me larga! Ninguém nunca vai
acreditar em você. Será a sua palavra contra a minha. E outra, eu não cometi
crime algum, o criminoso aqui não sou
eu, é o senhor presidente. Agora me deixe ir...
EMÍLIA- (insistindo) Você é o culpado
de toda essa tragédia!
IAGO - Me larga! (Empurra-a) Acabou. (Foge).
EMÍLIA- Desgraçado! Volta aqui... (levanta-se
e se aproxima de Otelo). Foi ele, ele que causou tudo isso, pensando bem, você
foi mais uma vítima das armações do Iago.
OTELO - (tomando a arma de suas mãos) O
que eu fiz não tem justificativa. Peço por favor, que, ao contar estes tristes
fatos, fale de mim como realmente eu sou, sem exagero algum, e sem malícia. Um alguém que amou bastante amou sem limites, um
alguém que não sabia ser ciumento, e no momento de fúria, cometeu o maior erro
de sua vida... Um homem que muito lutou para chegar ao poder, mas que ao chegar
não teve tempo de desfrutá-lo!
(Coloca a arma na boca.
Atira. Cortinas).
E A VIDA CONTINUA...